sexta-feira, 31 de maio de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mc 11,27-33 - 01.06.2013 - Com que autoridade fazes essas coisas?

Vermelho. Sábado da 8ª Semana Tempo Comum
S. Justino Mt, memória
   
Evangelho - Mc 11,27-33

Com que autoridade fazes essas coisas?

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 11,27-33

Naquele tempo:
27Jesus e os discípulos foram de novo a Jerusalém.
Enquanto Jesus estava andando no Templo,
os sumos sacerdotes, os mestres da Lei e os ancióos
aproximaram-se dele e perguntaram:
28'Com que autoridade fazes essas coisas?
Quem te deu autoridade para fazer isso?'
29Jesus respondeu: 'Vou fazer-vos uma só pergunta.
Se me responderdes, eu vos direi
com que autoridade faço isso.
30O batismo de João vinha do céu ou dos homens?
Respondei-me.'
31Eles discutiam entre si:
'Se respondermos que vinha do céu, ele vai dizer:
'Por que não acreditastes em João?'
32Devemos então dizer que vinha dos homens?'
Mas eles tinham medo da multidão,
porque todos, de fato, tinham João na qualidade de profeta.
33Então eles responderam a Jesus: 'Não sabemos.'
E Jesus disse: 'Pois eu também não vos digo
com que autoridade faço essas coisas.'
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mc 11, 27-33

O Evangelho de hoje nos mostra os sumos sacerdotes, os fariseus e os doutores da lei questionando Jesus sobre sua autoridade. Muitas vezes, vemos pessoas que duvidam das verdades da fé e questionam o próprio Deus sobre a legitimidade de suas ações e de seus princípios, mas se formos analisar mais a fundo a vida das pessoas que manifestam tal atitude, veremos que na verdade as suas vidas é que apresentam aspectos contraditórios porque os seus princípios de vida não são legítimos. Essas pessoas querem, na verdade, legitimar a sua vida marcada pelo erro e pelo pecado, por princípios que, na verdade, encontram o seu fundamento unicamente no egoísmo.



HOMILIA

Quem chega para Jesus e faz a pergunta que da sequência ao texto, é gente que tem autoridade: “os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos”, diz Marcos. E o que dita a autoridade deles sobre os outros, ou seja, aquilo que os coloca acima e outros abaixo, aquilo que faz deles gente que manda e dos outros gente que a eles obedece é o seu poder, o seu dinheiro, a sua posição em relação aos outros, o que eles são e outros não, entre outras coisas. E, como em cima não cabe todo mundo, eles não querem aquele sujeito chamado Jesus lá, por isso a pergunta que quer derrubá-lo é feita: “com que autoridade?”, ou, também, para ser mais direto: “quem você pense que você é para fazer essas coisas?” Ele sabia que não poderia responder tal pergunta, pois, se respondesse provavelmente geraria uma situação negativa para seu ministério. Mas Jesus era dotado de uma sabedoria divina que fez com que Ele saísse desde combate vitorioso. Depois de ter lido este texto, despertou em mim o desejo de saber qual é a autoridade que Cristo possui.
A palavra “autoridade” vem da palavra Hebraica que traduzida para o grego é exousia (impondo) ou (pondo), termo usado para as mãos, na cerimônia de ordenação de um Juiz ou Rabino. Impor as mãos é na Bíblia, um ato simbólico que confere ou transfere um cargo, junto com seus deveres e privilégios, representando o derramar das bênçãos e dons de Deus necessário para a obra. Podemos citar a ordenação de Josué por Moisés (Dt 34: 9).
Se seguirmos Marcos, o texto que lemos Jesus não responde, ele faz apenas uma pegadinha com a autoridade de João Batista, e eles ficam sem resposta, e ele, Jesus, também não dá nenhuma resposta. Não porque não pudesse dar uma resposta. Ele poderia ter dito que era um grande profeta, ou o Messias, o Cristo, ou o “Filho de Deus”. Poderia ter dito que fazia aquilo em nome de Deus, por mando d’Ele, com a autoridade vinda d’Ele. Pois essa autoridade ele tinha. Mas não o fez. Por quê? Porque Jesus não entendia a autoridade como um princípio de poder. Mas sim como um princípio de valores. Ele não queria uma autoridade dada por seus títulos, “Filho do Homem” (que não propriamente um título, mas sim uma forma de mostrar-se igual), Rabi, Messias, Cristo, Filho de Davi, Filho de Deus, etc. Nem queria uma autoridade dada por aquilo que ele era, nem por aquilo que ele poderia fazer a partir de seu poder. Jesus não queria estar acima, ser obedecido ou seguido por conta disso, mas sim por conta dos valores que ele estava deixando. Pois ele não veio para mostrar quem ele era: “olha para mim eu sou o Cristo”, mas para dizer este é o caminho, estes são os valores, essas são as palavras, este é o evangelho, este é o Reino de Deus. Se há alguma autoridade, a autoridade que há está nisso, em princípios de valores.
Esse é o fim da autoridade. E não é só o mundo de hoje, o nosso mundo da tela global, que é avesso a toda a forma de autoridade, Jesus também era. Pelo menos da autoridade baseada em princípios de poder. Quando Jesus curava, quando ele ajudava, quando ele fazia o que fazia ele não estava querendo acrescentar feitos poderosos ou ajuntar poder, mas era por uma questão de valores. Quando ele chega a Jerusalém, Marcos 11,01ss, e é aclamado com louvores: “Bendito é o que vem em nome do Senhor!, Hosana”, e purifica o templo, Marcos 11,12ss, tudo isso é feito por um princípio de valor, são os valores do evangelho, do Reino. O templo era para ser casa de oração para todos e não um covil de ladrões e salteadores. Esse era o real valor, isso o autorizava. Pois a sua autoridade estava nos seus valores.
Assim, conhecer a Jesus, dar autoridade a Jesus, colocá-lo acima, louvá-lo, obedecê-lo, segui-lo, caminhar nos seus caminhos, ser seu servo etc, significa não só reconhecer quem Ele é, o “com que autoridade”, mas sim conhecer e viver os princípios de valor que ele deixou que consistem no Serviço: "Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder, autoridade sobre elas. Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos”. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos".

Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quinta-feira, 30 de maio de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 1,39-56 - 31.05.2013 - Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha visitar-me?

Branco. Visitação de Nossa Senhora, Festa
   
Evangelho - Lc 1,39-56
Como posso merecer que a mãe do meu Senhor venha visitar-me?

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 1,39-56

39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa,
dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judéia.
40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel.
41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria,
a criança pulou no seu ventre
e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.
42Com um grande grito, exclamou:
"Bendita és tu entre as mulheres
e bendito é o fruto do teu ventre!"
43Como posso merecer
que a mãe do meu Senhor me venha visitar?
44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos,
a criança pulou de alegria no meu ventre.
45Bem-aventurada aquela que acreditou,
porque será cumprido, o que o Senhor lhe prometeu".
46Maria disse:
"A minha alma engrandece o Senhor,
47e se alegrou o meu espírito em Deus, meu Salvador,
48pois, ele viu a pequenez de sua serva,
eis que agora as gerações hão de chamar-me de bendita.
49O Poderoso fez por mim maravilhas
e Santo é o seu nome!
50Seu amor, de geração em geração,
chega a todos que o respeitam.
51Demonstrou o poder de seu braço,
dispersou os orgulhosos.
52Derrubou os poderosos de seus tronos
e os humildes exaltou.
53De bens saciou os famintos
despediu, sem nada, os ricos.
54Acolheu Israel, seu servidor,
fiel ao seu amor,
55como havia prometido aos nossos pais,
em favor de Abraão e de seus filhos, para sempre".
56Maria ficou três meses com Isabel;
depois voltou para casa.
Palavra da Salvação.



   
Reflexão - Lc 1, 39-56

O encontro de Maria com Isabel nos mostra um pouco do que deve ser um encontro de verdadeiro amor entre duas pessoas. Por um lado, vemos Maria, que vai ao encontro de Isabel assim que sabe da sua situação, vai para servir, fazer com que seu amor se transforme em gesto concreto. Quando encontra Isabel, a saúda, pois valoriza aquele momento de encontro e também a pessoa com quem se encontra. Por outro lado, vemos Isabel que, ao ver sua prima, exalta imediatamente todos os seus valores como mãe do seu Senhor, assim como as suas virtudes. E este encontro termina com um cântico de exaltação ao amor de Deus.





HOMILIA

O encontro das duas parentes em sua primeira gravidez se direciona para o encontro misterioso de Jesus e João e para o hino de Maria. Estabelece-se a ligação entre as duas anunciações e os respectivos filhos. Através de sua mãe, o profeta precursor saúda e dá testemunho do Senhor presente em Maria de Nazaré. Isabel acolhe Maria "em alta voz", como o povo acolheu a arca da presença de Deus com fortes aclamações (cf. 1Cr 15,28;2Cr 5,13-14). Davi exclama: "Como poderá vir a mim a arca do Senhor"? (2 Sm 6,9); mas depois acolherá a arca com alegria e danças. Isabel interpreta o agitar-se da nova vida que leva no seio como um anúncio profético da alegria por aquele que devia ser consagrado pelo Espírito desde o seio materno (cf. Jr 1,5;Is 49,1;Lc 1,15). Maria é agora a arca que traz a presença salvífica do Senhor ao meio de seu povo.  Porque ao saudar a sua prima, Isabel ficou cheia do Espírito Santo quando Maria a visitou! Assim sendo, a Mãe de Jesus nos ensina que quando levamos Jesus para as pessoas, elas também ficam cheias do Espírito, por isso, se alegram com a nossa chegada. Às vezes até podemos achar que somos imprescindíveis e muito importantes para o irmão, todavia, devemos ter consciência de que somos meros canais da graça do Senhor. O Espírito Santo é quem realiza a obra do Senhor no nosso coração e é quem nos faz sair de nós mesmos e ir à busca dos que estão necessitados. Sem mesmo percebermos nós somos instrumentos de Deus na vida dos nossos irmãos para que se cumpram os Seus desígnios e os Seus planos se realizem. Basta que nos ponhamos atentos e disponíveis, o Senhor nos usa para levarmos consolo, abrigo, alegria e solidariedade.
De fato, Ela é saudada por Isabel como a mais bendita entre as mulheres  porque o menino que nela está é o Senhor (cf Jt 13,18). Enfim Isabel proclama a bem-aventurança de Maria, que dá um significado profundo à sua maternidade: Maria é aquela que acreditou na eficácia da Palavra de Deus. Nenhuma maternidade da história pode ser comparada com a de Maria.
Ela soube distinguir isto e não perdeu tempo, pôs-se a caminho das montanhas esquecendo a glória de ser mãe de Deus se fez serva, auxiliadora, anunciadora e canal da graça do Espírito Santo. Assim, ela foi a primeira a levar a alegria de Jesus ao mundo! Maria mesma se auto afirmou ser bem-aventurada, feliz, cheia de graças! Somos também bem aventurados se acreditamos nas promessas do Senhor. O Espírito Santo é quem nos ensina a louvar a Deus e a manifestar gratidão pelos Seus grandes feitos na nossa vida, por isso, também somos felizes. Assim como visitou Isabel, transmitindo a ela e a João Batista, o poder do Espírito, Maria hoje, também nos visita e traz para nós o Seu Menino Jesus, cheio do Espírito Santo que nos ensina a cantar, a louvar, a bendizer a Deus com os nossos lábios.
O Magnificat é o seu cântico de agradecimento, o louvor que Ela dirige para Deus, que fez tudo, ao passo que Ela deixou fazer. E Ela profetiza: "Doravante todas as gerações chamar-me-ão bem-aventurada". Profecia que vem se cumprindo na Igreja de Cristo Jesus, o Senhor.
Você também se considera bem aventurado (a)? Você se sente comprometido (a) com Deus? – Você tem usado o Espírito Santo que mora em você para ir à busca daqueles que precisam ser amados e ajudados?- Imagine-se como Maria visitando hoje alguém que você sabe que está precisando de amor!  Reze com Maria, hoje: “Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus meu Salvador, porque olhou para a sua pobre serva. Por isto, desde agora, me proclamarão bem-aventurada todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo!”
Pai, conduze-me pelos caminhos de Maria, tua fiel servidora, cuja vida se consumou, sendo exaltada por ti. Que, como Maria, eu saiba me preparar para a comunhão plena contigo.
Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

quarta-feira, 29 de maio de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Lc 9,11b-17 - 30.05.2013 - Todos comeram e ficaram satisfeitos.

Branco. Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo Tempo Comum
    
Evangelho - Lc 9,11b-17

Todos comeram e ficaram satisfeitos.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 9,11b-17

Naquele tempo:
11bJesus acolheu as multidões,
falava-lhes sobre o Reino de Deus
e curava todos os que precisavam.
12A tarde vinha chegando.
Os doze apóstolos aproximaram-se de Jesus
e disseram: 'Despede a multidão,
para que possa ir aos povoados e campos vizinhos
procurar hospedagem e comida,
pois estamos num lugar deserto.'
13Mas Jesus disse: 'Dai-lhes vós mesmos de comer.'
Eles responderam:'Só temos cinco pães e dois peixes.
A não ser que fôssemos comprar comida
para toda essa gente.'
14Estavam ali mais ou menos cinco mil homens.
Mas Jesus disse aos discípulos:
'Mandai o povo sentar-se em grupos de cinqüenta.'
15Os discípulos assim fizeram, e todos se sentaram.
16Então Jesus tomou os cinco pães e os dois peixes,
elevou os olhos para o céu, abençoou-os, partiu-os
e os deu aos discípulos para distribuí-los à multidão.
17Todos comeram e ficaram satisfeitos.
E ainda foram recolhidos doze cestos
dos pedaços que sobraram.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Lc 9, 11-17

A Eucaristia é o grande alimento que Jesus deixou à sua Igreja para ser distribuído, em todos os tempos e lugares, a todas as pessoas, a fim de que sejam satisfeitas no sentido da presença da graça em suas vidas. É da responsabilidade de todos nós, que no sacramento do batismo nos tornamos Igreja, a distribuição desse alimento. Quando se fala em distribuição da Eucaristia, logo as pessoas pensam nos ministros extraordinários da comunhão eucarística, mas todos devem, ao seu modo, colaborar para que todas as pessoas possam receber este sacramento. Porém, o modo comum em que todos podem e devem colaborar é o trabalho evangelizador, a fim de que todas as pessoas conheçam Jesus e queiram recebê-lo sacramentalmente.


HOMILIA
MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES MILAGRE OU PARTILHA? Lc 9,11B-17

O episódio da multiplicação dos pães, que o Evangelho de hoje nos apresenta, tem sido ultimamente apregoado não como um feito milagroso de Jesus, mas como a simples partilha dos farnéis existentes na multidão. Tal interpretação não somente não corresponde aos dizeres do texto, mas não é aceite pelos bons exegetas em geral. Trata-se de um fato histórico milagroso, que os evangelistas descrevem como sinal do pão eucarístico e da bonança prometida pelos Profetas para o Reino messiânico.

Na pregação do Evangelho, ouve-se dizer que a multiplicação dos pães não foi um milagre, mas partilha do pão existente no farnel dos ouvintes de Jesus. Visto que tal interpretação tem causado perplexidade, ser-lhe-ão dedicadas as considerações seguintes.

Antes do mais, é de notar que o episódio foi muito caro aos antigos. Mateus e Marcos o narram duas vezes; cf. Mt 14,13-21; 15, 29-39 e Mc 6, 30-40; 8, 1-18. São Lucas o refere uma só vez; cf. Lc 9, 10-17. São João também; cf. Jo 6,1-13. Os exegetas atualmente julgam que em Mt e Mc há duplicata do relato do fato, embora leves diferenças existam entre a primeira e a segunda narrativas; trata-se de duas tradições a referir o mesmo feito de Jesus.

Pergunta-se agora: que houve realmente no episódio em foco?

A interpretação tradicional e amplamente majoritária afirma ter havido um milagre: com poucos pães e peixes Jesus saciou milhares de homens. Recentemente começou-se a dizer que não houve milagre, mas Jesus ordenou que os seus ouvintes repartissem entre si as provisões que haviam levado. Tal interpretação carece de fundamento no texto e o violenta, pois o evangelista faz observar que nada havia para comer entre a multidão.

“Chegada a tarde, aproximaram-se dele os seus discípulos, dizendo: “O lugar é deserto e a hora já está avançada. Despede as multidões para que vão aos povoados comprar alimento para si”. Mas Jesus lhes disse: “Não é preciso que vão embora. Dai-lhes vós mesmos de comer”. Ao que os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”.

O caráter milagroso do episódio é mais realçado na segunda narrativa. Com efeito; a secção de Mt 15, 29-39 segue-se a um milagre de Jesus: a cura da filha da mulher cananéia (Mt 15, 21-28) e a uma declaração sobre a atividade taumatúrgica de Jesus:

“Vieram até ele numerosas multidões, trazendo coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros e os puseram a seus pés e ele os curou, de sorte que as multidões ficaram espantadas… E renderam glória ao Deus de Israel” (Mt 15, 29-31).

Jesus mesmo diz logo a seguir: “Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem o que comer. Não quero despedi-la em jejum, de modo que possa desfalecer pelo caminho”. Na base destas averiguações, não pode restar dúvida de que se trata de um fato histórico e milagroso

O relato da multiplicação dos pães nos quatro Evangelhos não pode deixar de lembrar ao leitor certos antecedentes do Antigo Testamento: Em 2Rs 4, 42-44 lê-se o seguinte: “Veio um homem de Baal-Salisa e trouxe para o homem de Deus pão das primícias, vinte pães de cevada e trigo novo em espiga. Eliseu ordenou: “Oferece a essa gente para que coma”. Mas o servo respondeu: “Como hei de servir isso para cem pessoas?”. Ele repetiu: “Oferece a essa gente para que coma, pois assim falou o Senhor: “Comerão e ainda sobrará”. Serviu-lhes, eles comeram e ainda sobrou segundo a palavra do Senhor”.

Em Ex 16, 1-36 e Nm 11, 4-9 é narrada a entrega do maná ao povo no deserto, entrega à qual Jesus faz alusão ao prometer o pão eucarístico; cf. Jo 6, 49. Tais episódios do Antigo e do Novo Testamento não referem apenas uma refeição humana, mas têm significado transcendental: querem dizer que Deus acompanha, ontem e hoje, seu povo peregrino e lhe oferece os subsídios necessários para que supere os obstáculos da caminhada e chegue certeiramente ao termo almejado, que é a vida eterna. O relato evangélico faz alusões também à Eucaristia, o viático por excelência. Assim Mt 14, 15: “Ao entardecer” em grego é a fórmula com que é introduzido o relato da última ceia; Mt 14, 19: “tomou os pães”, “levantou os olhos para o céu”, “abençoou”, “partiu”, “deu aos discípulos” são expressões da última ceia e da posterior celebração eucarística. Mt 14, 20: a grande quantidade de pão assim doada lembra a fartura prometida pelos Profetas para os tempos messiânicos; cf. Os 14, 8; Is 49, 10; 55, 1… O recolher os fragmentos que sobram, é usual na celebração eucarística.

Em suma, a ceia de viandantes proporcionada pelo Senhor ao seu povo é prenúncio da ceia plena ou do banquete celeste, símbolo da bem-aventurança definitiva. É neste contexto que há de ser lida a secção de Mt 14, 13-21 e paralelos; na intenção dos evangelistas, ela quer significar o Dom supremo de Deus ao homem, que é o encontro face-a-face na bem-aventurança celeste.

Espírito de solidariedade e partilha, faze-me sensível à lição eucarística da partilha, movendo-me a manifestar minha solidariedade efetiva com os pobres deste mundo.


 Homilia | Padre Bantu Mendonça K. Sayla

terça-feira, 28 de maio de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA Mc 10,32-45 - 29.05.2013 - Eis que estamos subindo para Jerusalém, e o Filho do Homem vai ser entregue.

Verde. 4ª-feira da 8ª Semana Tempo Comum
    
Evangelho - Mc 10,32-45

Eis que estamos subindo para Jerusalém,
e o Filho do Homem vai ser entregue.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 10,32-45

Naquele tempo:
32Os discípulos estavam a caminho
subindo para Jerusalém.
Jesus ia na frente.
Os discípulos estavam espantados,
e aqueles que iam atrás estavam com medo.
Jesus chamou de novo os Doze à parte
e começou a dizer-lhes o que estava para acontecer com ele:
33'Eis que estamos subindo para Jerusalém,
e o Filho do Homem vai ser entregue
aos sumos sacerdotes e aos doutores da Lei.
Eles o condenarão à morte e o entregarão aos pagãos.
34Vão zombar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo.
E depois de três dias ele ressuscitará.'
35Tiago e João, filhos de Zebedeu,
foram a Jesus e lhe disseram:
'Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir.'
36Ele perguntou:
'O que quereis que eu vos faça?'
37Eles responderam:
'Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda,
quando estiveres na tua glória!'
38Jesus então lhes disse:
'Vós não sabeis o que pedis.
Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?
Podeis ser batizados com o batismo
com que vou ser batizado?'
39Eles responderam: 'Podemos.'
E ele lhes disse:
'Vós bebereis o cálice que eu devo beber,
e sereis batizados com o batismo
com que eu devo ser batizado.
40Mas não depende de mim conceder
o lugar à minha direita ou à minha esquerda.
É para aqueles a quem foi reservado'.
41Quando os outros dez discípulos ouviram isso,
indignaram-se com Tiago e João.
42Jesus os chamou e disse:
'Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem
e os grandes as tiranizam.
43Mas, entre vós, não deve ser assim:
quem quiser ser grande, seja vosso servo;
44e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos.
45Porque o Filho do Homem não veio para ser servido,
mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos.'
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mc 10, 32-45

Todas as pessoas querem, e muito, participar da glória de Deus, mas poucas pessoas querem assumir um compromisso maior com o reino de Deus. O evangelho de hoje nos mostra um pouco isso quando Jesus anuncia o mistério da cruz, mas os discípulos estão mais interessados na sua participação na sua glória. Assim, nos dias de hoje nós vemos muitas pessoas exaltando o amor de Deus, cantando os seus louvores, mas sem o menor compromisso com o serviço ao Reino de Deus, principalmente no que se refere à questão dos pobres, dos sofredores, dos marginalizados e dos excluídos. Todos querem ser os maiores, mas poucos estão dispostos a servir.




HOMILIA

Estamos caminhando na trajetória de dialogar, conhecer e aprofundar mais de perto a proposta do Evangelho de São Marcos. Espero que essa caminhada possa iluminar o nosso cotidiano dando respostas aos presentes desafios da realidade. Para entender melhor o texto de hoje é preciso fazer uma releitura dos três anúncios da Paixão Morte e Ressurreição de Jesus. Assim, convido a você fazer uma caminhada através dos três anúncios da paixão de Jesus: Mc 8,27-38; Mc 9,30-37; e finalmente Mc 10,32-45 que é o Evangelho de hoje.
Com a paixão de Jesus ao longo do caminho, podemos compreender e dar razão à nossa fé na pessoa e na missão de Jesus de Nazaré. A paixão de Jesus está presente nas paixões de tantas pessoas que vivem nas comunidades, nas pastorais e nos movimentos sociais que testemunham radicalmente o projeto libertador de Jesus de Nazaré. Assim, os anúncios da paixão se tornam o cerne, o núcleo da fé cristã na perspectiva da ressurreição. É a ressurreição a força motivadora para os discípulos superarem as contradições, as dificuldades e os desafios da caminhada.
É no caminho de Cesárea de Felipe (8,27 a) para Jerusalém (10,32) que Jesus ensinará os discípulos sobre as implicações do seu projeto. Ele mostrará como devemos segui-lo mediante os conflitos, crises e desafios. A pedagogia de Jesus será um processo de contínua partilha e ensinamentos no caminho. Para isso, ele precisou ficar sozinho com os discípulos a fim de catequizá-los. É no caminho que a sua catequese, a sua formação ocorrerá. Será uma longa catequese sobre o “seguimento”.
A comunidade de Marcos é marcada por uma experiência de conflitos e crises. Diante disto, ela constrói a imagem de Jesus. Por isso que em Mc 8,27-30, Jesus no auge da crise, quis avaliar a caminhada da sua comunidade fazendo uma pergunta simples e direta: “Quem dizem os homens que eu sou?”.
Estão subindo para Jerusalém e, embora já saibam qual seria o destino de Jesus, acontece o anuncio: “...o Filho do Homem vai ser entregue aos chefes dos sacerdotes e aos doutores da Lei. Eles condenarão à morte e o entregarão aos pagãos. Vão caçoar dele, cuspir nele, vão torturá-lo e matá-lo. E depois de três dias ele ressuscitará”.(cf.10,33-34). Esse último anúncio mostrará claramente que o seguimento de Jesus não tem privilégios como pensavam os discípulos, porque a caminhada é marcada não só de glória. Passa pela coragem de deixar tudo para suportar a opção de vida que levará ao longo do caminho. O caminho de Jesus será marcado de rejeição, de perseguição, de luta e de sofrimento. Essas são as condições para se chegar à glória.
E para, definitivamente, mostrar que para seguí-lo é preciso muitas vezes ser curado da surdez e da cegueira, estas estavam presentes durante todo o caminho. Por isso estava difícil que os discípulos compreendessem a mensagem de Jesus a respeito da sua paixão como condição de seguí-lo.
Portanto, os três anúncios da paixão de Jesus se encerra com a cura do cego de Jericó (10,46-52). O cego curado se põe a “seguir a Jesus pelo caminho”, o que não fizera o cego de Betsaida, no capítulo 8, e nem o homem rico. Bartimeu é apresentado, assim, como modelo do discípulo. Jesus cura e ilumina seus discípulos, tornando-os capazes de seguí-lo.
Pai, a exemplo de Jesus, transforma-me em servidor de meus semelhantes, e não me deixes ter medo de colocar minha vida a serviço de quem precisa de mim.

Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

segunda-feira, 27 de maio de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mc 10,28-31 - 28.05.2013 - Receberá cem vezes mais agora, durante esta vida com perseguições e, no mundo futuro, a vida eterna.

Verde. 3ª-feira da 8ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Mc 10,28-31

Receberá cem vezes mais agora, durante esta vida
com perseguições e, no mundo futuro, a vida eterna.

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 10,28-31

Naquele tempo:
28Começou Pedro a dizer a Jesus:
'Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.'
29Respondeu Jesus:
'Em verdade vos digo,
quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos,
campos, por causa de mim e do Evangelho,
30receberá cem vezes mais agora, durante esta vida
- casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos,
com perseguições -
e, no mundo futuro, a vida eterna.
31Muitos que agora são os primeiros serão os últimos.
E muitos que agora são os últimos serão os primeiros.'
Palavra da Salvação.



    
Reflexão - Mc 10, 28-31

Eu posso contribuir para a minha salvação na medida em que eu faço de Deus o centro da minha vida e a causa da minha felicidade, submetendo-me totalmente a ele. Se eu vivo apegado às coisas do mundo, eu vivo em função delas e coloco nelas a minha felicidade, fechando o meu coração à ação divina e a minha vida ao projeto do reino dos céus. Para conseguir o desapego das coisas do mundo, é necessário que a gente procure assumir uma nova hierarquia de valores que faz com que sejamos capazes de desprezar os bens materiais, mas rejeitar os valores do mundo significa sofrer perseguições nesta vida. É preciso renunciar aos valores do mundo para ter a vida em Cristo.



HOMILIA

O discurso de Jesus, depois do colóquio com o homem rico, deixou os discípulos apavorados. Pedro toma a palavra para tentar clarificar a confusão que se abatera sobre todos: que será de nós que deixamos tudo e te seguimos? Jesus garante-lhes que Deus não se deixa vencer em generosidade. Acolherão na vida eterna aqueles que, deixando tudo, O seguem; mas também lhes permite usufruir, desde já, da riqueza dos seus dons, e está com eles para os apoiar nas perseguições.
Marcos faz uma lista detalhada dos bens de que os discípulos podem, desde já, usufruir, e conclui com a máxima sobre os primeiros e os últimos no Reino. Há que estar atento contra as falsas seguranças, e empenhar-se num permanente esforço de conversão
Em qualquer situação da nossa vida nós podemos servir ao Senhor e seguir os Seus ensinamentos evangélicos, contudo, para isso, nós sofreremos perseguições as mais diversas. Jesus quer nos esclarecer sobre as dificuldades e provações que nós passamos aqui neste mundo em virtude do anúncio do Evangelho e do nosso servir a Deus. Deixar pai, mãe, filhos, bens por causa de Jesus e do Evangelho, significa colocar como prioridade as exigências do ser cristão (ã), tornando-se livre de apegos humanos e de idolatrias. Deixar tudo é desvencilhar-se de idéias, de preconceitos e pensamentos humanos, racionais, para se deixar conduzir pela mensagem do Evangelho, a boa nova de Jesus para os homens.
A recompensa da nossa entrega absoluta aos pensamentos e às idéias de Deus é, desde já, aqui mesmo, vivermos sob o senhorio de Jesus no reino dos céus, mesmo que seja com perseguições, e, depois da nossa morte, a vida eterna na glória e na plenitude da felicidade. O senhorio de Jesus nos faz viver o clima da paz, da alegria, da caridade, do júbilo no nosso coração. Isso vale muito mais que toda a riqueza que o mundo nos oferece.
Você agora entende o que é deixar tudo para seguir a Jesus? – Você acha que apesar das perseguições, vale a pena seguir a Jesus? – Você tem sido experimentado (a) e provado (a) por dificuldades porque tem tentado fazer a vontade de Deus? – Você tem paz no seu coração?
Senhor, faz-me compreender que a vida no Reino não está privada de consolações dignas da minha condição humana. Viver em Ti, que vives na tua Igreja, é partilhar a tua condição de «pedra angular», preciosa para o Pai, mas rejeitada pela humanidade. Viver em Ti, é beber o teu cálice, receber o teu batismo, participar na tua Paixão, mas também participar na glória da tua Ressurreição! Tudo depende do modo como acolho o teu mistério pascal, na sua totalidade, e me situo nele. Deste-nos duas mãos: se numa escrever zero e noutra um, terei um, ou terei dez, conforme as colocar. Assim as alegrias e sofrimentos da minha vida podem servir para me perder ou para me santificar. Tudo depende do modo como os encaro e situo na vivência do teu mistério pascal. Que a minha decisão contribua sempre para enriquecer a santidade da tua Igreja.

Padre Bantu Mendonça Katchipwi Sayla

domingo, 26 de maio de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mc 10,17-27 - 27.05.2013 - Vende tudo o que tens e segue-me!


Verde. 2ª-feira da 8ª Semana Tempo Comum
    
Evangelho - Mc 10,17-27
Vende tudo o que tens e segue-me!

+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 10,17-27

Naquele tempo:
17Quando Jesus saiu a caminhar, veio alguém correndo,
ajoelhou-se diante dele, e perguntou:
'Bom Mestre, que devo fazer para ganhar a vida eterna?'
18Jesus disse: 'Por que me chamas de bom?'
Só Deus é bom, e mais ninguém.
19Tu conheces os mandamentos:
não matarás; não cometerás adultério; não roubarás;
não levantarás falso testemunho;
não prejudicarás ninguém;
honra teu pai e tua mãe!'
20Ele respondeu: 'Mestre, tudo isso
tenho observado desde a minha juventude'.
21Jesus olhou para ele com amor, e disse:
'Só uma coisa te falta:
vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres,
e terás um tesouro no céu.
Depois vem e segue-me!'
22Mas quando ele ouviu isso, ficou abatido
e foi embora cheio de tristeza,
porque era muito rico.
23Jesus então olhou ao redor e disse aos discípulos:
'Como é difícil para os ricos entrar no Reino de Deus!'
24Os discípulos se admiravam com estas palavras,
mas ele disse de novo:
'Meus filhos, como é difícil entrar no Reino de Deus!
25É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha
do que um rico entrar no Reino de Deus!'
26Eles ficaram muito espantados ao ouvirem isso,
e perguntavam uns aos outros:
'Então, quem pode ser salvo?'
27Jesus olhou para eles e disse:
'Para os homens isso é impossível, mas não para Deus.
Para Deus tudo é possível'.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mc 10, 17-27

O evangelho de hoje nos apresenta, no caso do jovem rico, um grave erro que pode ocorrer na vida de todos nós no que diz respeito à questão da salvação e que se refere ao sujeito da salvação. Às vezes, a gente escuta que as pessoas devem esforçar-se para se salvarem e eu penso que eu devo conseguir me salvar. Ora, ninguém salva a si próprio. Eu não posso ser o meu salvador. Os discípulos perguntaram: "Quem então poderá salvar-se?" A resposta de Jesus é: "Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus, tudo é possível". Não podemos confiar a nossa salvação nem em nós mesmos, nem nos outros e nem nos bens materiais, pois nada ou ninguém, a não ser o próprio Deus, podem nos salvar.



HOMILIA



O evangelho de hoje traz dois assuntos: Conta a história do homem rico que perguntou pelo caminho da vida eterna; e Jesus chama a atenção para o perigo das riquezas.

O homem rico não aceitou a proposta de Jesus, pois era muito rico. Uma pessoa rica é protegida pela segurança que a riqueza lhe dá. Ela tem dificuldade em abrir mão desta segurança. Agarrada às vantagens dos seus bens, vive preocupada em defender seus próprios interesses. Uma pessoa pobre não costuma ter esta preocupação. Mas pode haver pobres com cabeça de rico. Então, o desejo de riqueza cria neles uma dependência e faz com que eles também se tornem escravos do consumismo. Ficam devendo prestações em todo canto e já não têm mais tempo para dedicar-se ao serviço do próximo. Com esta problemática na cabeça, tanto das pessoas como dos países, vamos ler e meditar o texto do homem rico.

Alguém chega perto de Jesus e pergunta: “Bom mestre, o que devo fazer para herdar a vida eterna?” O evangelho de Mateus informa que se tratava de um jovem (Mt 19,20.22). Jesus responde bruscamente: “Por que me chamas bom. Ninguém é bom senão só Deus!” Jesus desvia a atenção de si mesmo e aponta para Deus, pois o que importa é fazer a vontade de Deus, revelar o Projeto do Pai. Em seguida, Jesus afirma: “Você conhece os mandamentos: não matar, não cometer adultério, não roubar, não levantar falso testemunho, não defraudar ninguém, honrar pai e mãe”. É importante olhar bem a resposta de Jesus. O jovem tinha perguntado pela vida eterna. Queria a vida junto de Deus! Mas Jesus não mencionou os três primeiros mandamentos que definem nosso relacionamento com Deus! Ele só lembrou aqueles que dizem respeito à vida junto do próximo! Para Jesus, só conseguimos estar bem com Deus, se soubermos estar bem com o próximo. Não adianta se enganar. A porta para chegar até Deus é o próximo.

            O homem responde dizendo que já observava os mandamentos desde a sua juventude. O curioso é o seguinte. Ele tinha perguntado pelo caminho da vida. Ora, o caminho da vida era e continua sendo: fazer a vontade de Deus expressa nos mandamentos. Quer dizer que ele observava os mandamentos sem saber para que serviam. Do contrário, não teria feito a pergunta. É como muitos católicos de hoje: não sabem dizer para que serve ser católico. ”Nasci num país católico, por isso sou católico!” Coisa de costume!

            Ouvindo a resposta do jovem, “Jesus olhou para ele, o amou e lhe disse: Só uma coisa te falta: vai, vende o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu, e em seguida vem e segue-me!” A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma escada que vai mais longe e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos mandamentos prepara a pessoa para ela poder chegar à doação total de si a favor do próximo. Jesus pede muito, mas ele o pede com muito amor. O moço não aceitou a proposta de Jesus e foi embora, “pois era muito rico”.

            Depois que o jovem foi embora, Jesus comentou a decisão dele: Como é difícil um rico entrar no Reino de Deus! Os discípulos ficaram admirados. Jesus repete a mesma frase e acrescenta: É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino! A expressão “entrar no Reino” diz respeito, não só e nem em primeiro lugar à entrada no céu depois da morte, mas também e sobretudo à entrada na comunidade ao redor de Jesus. A comunidade é e deve ser uma amostra do Reino. A alusão à impossibilidade de um camelo passar pelo buraco de uma agulha  vem de um provérbio popular da época usado pelo povo para dizer que uma coisa era humanamente impossível e inviável. Os discípulos ficaram chocados com a afirmação de Jesus e perguntavam uns aos outros: “Então, quem pode ser salvo?” Sinal de que não tinham entendido a resposta de Jesus ao homem rico: “Vai vende tudo, dá para os pobres e vem e segue-me!” O jovem tinha observado os mandamentos desde a sua juventude, mas sem entender o porquê da observância. Algo semelhante estava acontecendo com os discípulos. Eles já tinham abandonado todos os bens conforme o pedido de Jesus ao jovem rico, mas sem entender o porquê do abandono! Se o tivessem entendido, não teriam ficado chocados com a exigência de Jesus. Quando a riqueza ou o desejo da riqueza ocupa o coração e o olhar, a pessoa já não consegue perceber o sentido do evangelho. Só Deus mesmo para ajudar! Jesus olhou para os discípulos e disse: “Para os homens isso é impossível, mas não para Deus. Para Deus tudo é possível.”

            Pai, não permitas que o meu coração se apegue de tal forma aos bens deste mundo, a ponto de levar-me a te colocar em segundo lugar.

 Homilia | Padre Bantu Mendonça K. Sayla

sábado, 25 de maio de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Jo 16,12-15 - 26.05.2013 - Tudo o que o Pai possui é meu. O Espírito Santo receberá do que é meu e vo-lo anunciará.

Branco. Solenidade da Santíssima Trindade Tempo Comum
    
Evangelho - Jo 16,12-15
Tudo o que o Pai possui é meu. O Espírito Santo
receberá do que é meu e vo-lo anunciará.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 16,12-15
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos:
12Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos,
mas não sois capazes de as compreender agora.
13Quando, porém, vier o Espírito da Verdade,
ele vos conduzirá à plena verdade.
Pois ele não falará por si mesmo,
mas dirá tudo o que tiver ouvido;
e até as coisas futuras vos anunciará.
14Ele me glorificará,
porque receberá do que é meu
e vo-lo anunciará.
15Tudo o que o Pai possui é meu.
Por isso, disse que
o que ele receberá e vos anunciará, é meu.
Palavra da Salvação.



REFLEXÃO

HOMILIA

O trabalho escondido do Espírito na Igreja é manifestado pela sua voz interior que transforma o homem para este transformar suas circunstâncias. Ao contrário dos grandes planos do mundo que querem transformar as circunstâncias, enriquecendo as nações, para melhorar os homens. Mas o resultado é a pobreza interior que é provocada pela riqueza extrema por parte de alguns poucos enquanto uma grande parte da população permanece na penúria.

A função do Espírito Santo, da Verdade Plena é introduzida pela palavra quando vier. Jesus afirma Espírito é causa e chefe da verdade. Ele terá uma função especial, sem a qual essa verdade não seria aceite: Ele será como o guia a conduzir os discípulos para aceitar como norma de vida a verdade que os fatos em breve a acontecer encerram e que agora os discípulos não poderiam tolerar. Pouco antes Jesus tinha oferecido aos apóstolos uma visão desse Espírito que então chamou de Advogado. Sua atuação era convencer, como se faz num tribunal público, da inocência de Jesus e da culpabilidade dos seus algozes. Falando de convencimento, os primeiros a serem convencidos eram os próprios apóstolos da verdade na causa da qual seriam propagadores.

A verdade completa sobre Deus e seu Cristo só pode ser compreendida sob a ação do Espírito Santo. Com um mesmo evangelho, há quem o toma como Francisco, sem glosas, e transforma o homem em santo, e há quem, através das glosas, escutam suas próprias idéias e opiniões como inspiradas, quando é a ambição ou o orgulho os que as ditam.

Diante de tantos flagelos, doenças e epidemias de vários tipos, violências com os crimes nojentos praticados pelos adeptos, ou seja, partidários do encardido, não temos outra saída senão a presença do Espírito Santo em nós! O Espírito Santo, presente nas comunidades, reforça a esperança e move os povos a um clamor pela fraternidade, justiça e paz. Que o Espírito Santo te inspire e use as palavras que tu necessitas usar e não consegues por causa das dificuldades do dia-a-dia. Que te ajude nas fraquezas por não saberes como deves pedir. Faça caminhada com o Espírito e peça que Ele ore por ti e leve para junto de Deus tudo aquilo que precisas no dia de hoje. Implore confiante: Espírito Santo vem interceder por mim. Pois todas as coisas cooperam pra o bem daqueles que amam a ti. Espírito Santo vem orar por mim. Clama e peça porque só Deus sabe a dor que está sentindo o teu coração. Ferido está sim, mas o teu clamor com o poder e a força do Espírito Santo sobe até ao Céu.

Assim, descreve S Atanásio, A Trindade como eficiência operativa, mais do que como essência existente. Aliás os modernos preferem o para que, operação, ao que, essência: O Pai cria todas as coisas por meio do Verbo, no Espírito Santo….Reina sobre tudo como Pai, princípio e origem; age em tudo, por meio do Filho e permanece em todas as coisa no Espírito Santo.

Pai, que o Espírito me ensine toda a verdade e me revele às coisas que hão de vir, para que eu possa enveredar, com toda segurança, pelo caminho que é Jesus.


 Homilia | Padre Bantu Mendonça K. Sayla

sexta-feira, 24 de maio de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mc 10,13-16 - 25.05.2013 - Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele.

Verde. Sábado da 7ª Semana Tempo Comum
    
Evangelho - Mc 10,13-16
Quem não receber o Reino de Deus como uma criança,
não entrará nele.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 10,13-16
Naquele tempo:
13Traziam crianças para que Jesus as tocasse.
Mas os discípulos as repreendiam.
14Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse:
'Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais,
porque o Reino de Deus é dos que são como elas.
15Em verdade vos digo:
quem não receber o Reino de Deus como uma criança,
não entrará nele.'
16Ele abraçava as crianças
e as abençoava, impondo-lhes as mãos.
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mc 10, 13-16

O Reino de Deus é para aqueles que são como crianças. A criança é aquela que depende totalmente das outras pessoas e não tem nada a oferecer em troca daquilo que lhes dão. Assim devemos ser diante de Deus. Devemos ter plena consciência de que dependemos totalmente dele para que possamos entrar no Reino dos Céus e nada podemos oferecer em troca disso. A salvação nos é dada pelo amor gratuito de Deus e pelos méritos de Jesus Cristo. Ninguém pode se salvar. Jesus é o único salvador. Devemos, como as crianças diante dos adultos, colocar a nossa confiança em Deus, e viver em constante ação de graças porque ele, gratuitamente, nos salva.



HOMILIA



Depois de Jesus ter falado da importância do matrimônio no evangelho de ontem, hoje nos propõe contemplar a beleza de ser criança como garantia do Reino. A família saudável é aquela que se expor à graça de Deus e pede benção para si e para os seus filhos. É o que vemos neste evangelho. As crianças são trazidas para serem abençoadas. Os discípulos, porém repelem-nas. Todavia Jesus os repreende a atitude. Por quê? A razão é simples.

A criança representa simplicidade, inocência e dependência. Elas ainda estão livres da malícia e fingimento. Nela está a simplicidade e inocência que são as características do reino. Assim elas se tornam sinais do reino presentes entre nós. A pureza de coração é inseparável da simplicidade e da humildade. Exclui todo pensamento de egoísmo e de orgulho. Eis porque Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como já a tomara por símbolo de humildade. Quem não receber o Reino de Deus como uma criança nunca entrará nele. Sê, pois, simples, humilde, puro e serás, tu e a tua família também destinatário do Reino como as crianças.

Meu irmão, minha irmã o teu filho precisa receber o toque da graça. As mãos elevadas para o céu, na Bíblia são símbolos de oração e transmissão de bênção, consagração e cura. A imposição das mãos transmite o amor de Deus. Quando um pai ou mãe abençoa um filho, uma filha está transmitindo bênção. Transite é uma energia espiritual, porque o ser humano é também espiritual. Uma pessoa quando está em comunhão, comprometida com o bem transmite energia espiritual positiva, benéfica. E quando está comprometida com o mal transmite energia espiritual negativa, portanto maléfica. Eu te pergunto que carga traz no teu dia a dia? Lembro-te de que algumas pessoas nos fazem bem e outras mal. Por causa do encardido com o qual fizeram pato.

Jesus transmitiu àquelas crianças a paz e atenção e sobre tudo as fez  a medida para os destinatárias do Reino.Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. Aqui a criança serve de exemplo não pela inocência ou pela perfeição moral. Ela é o símbolo do ser fraco, sem pretensões sociais: é simples, não tem poder nem ambições. Principalmente na sociedade do tempo de Jesus, a criança não era valorizada, não tinha nenhuma significação social. A criança é, portanto, o símbolo do pobre marginalizado, que está vazio de si mesmo, pronto para receber o reino.

Pai, coloca no meu coração o mesmo carinho e afeto que Jesus demonstrou às criancinhas, pois a simplicidade delas me ensina como devo acolher o teu Reino.


 Homilia | Padre Bantu Mendonça K. Sayla

quinta-feira, 23 de maio de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mc 10,1-12 - 24.05.2013 - O que Deus uniu, o homem não separe!

Verde. 6ª-feira da 7ª Semana Tempo Comum
    
Evangelho - Mc 10,1-12
O que Deus uniu, o homem não separe!
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 10,1-12
Naquele tempo:
1Jesus foi para o território da Judéia,
do outro lado do rio Jordão.
As multidões se reuniram de novo, em torno de Jesus.
E ele, como de costume, as ensinava.
2Alguns fariseus se aproximaram de Jesus.
Para pô-lo à prova,
perguntaram se era permitido ao homem
divorciar-se de sua mulher.
3Jesus perguntou:
'O que Moisés vos ordenou?'
4Os fariseus responderam:
'Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio
e despedi-la'.
5Jesus então disse:
'Foi por causa da dureza do vosso coração
que Moisés vos escreveu este mandamento.
6No entanto, desde o começo da criação,
Deus os fez homem e mulher.
7Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe
e os dois serão uma só carne.
8Assim, já não são dois, mas uma só carne.
9Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!'
10Em casa, os discípulos fizeram, novamente,
perguntas sobre o mesmo assunto.
11Jesus respondeu:
'Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra,
cometerá adultério contra a primeira.
12E se a mulher se divorciar de seu marido
e casar com outro, cometerá adultério.'
Palavra da Salvação.



Reflexão - Mc 10, 1-12

A nossa vida é condicionada por leis que os homens fizeram, às quais nós devemos nos submeter para viver na legalidade. Porém, devemos ter consciência do fato de que, nem tudo o que é legal, é justo, no sentido pleno da palavra. Podemos citar alguns exemplos como a questão dos juros: é legal para o banco pagar menos de 1% ao mês para cadernetas de poupança e cobrar mais de 10% ao mês por empréstimos que realiza. É legal na sociedade brasileira o divórcio que, perante os olhos de Deus, não conduz o homem à justiça, mas sim ao pecado e à morte, pois desrespeita compromissos e direitos de cônjuges, filhos, da comunidade eclesial e da própria sociedade.



HOMILIA

Estamos diante dos fariseus que já tinham uma opinião formada sobre a questão do divórcio. Eles não buscavam uma resposta, mas armavam uma cilada para Jesus. Eles não estavam focados nos princípios de Deus sobre o casamento, mas na concessão mosaica para o divórcio. O que queriam era colocar Jesus contra Herodes. Foi nessa mesma região que João Batista foi preso e degolado por denunciar o divórcio ilegal e o casamento ilícito de Herodes com sua cunhada Herodias. Os fariseus instigavam Jesus a ter a mesma atitude de João, pensando que com isso, teria o mesmo destino. O que os fariseus queriam era que Jesus se tornasse intolerável em termos políticos e religiosos. Por outra, eles queriam colocar à prova a ortodoxia de Jesus, para poderem acusá-lo de heresia. Se Jesus dissesse que era lícito, ele afrouxaria o ensino de Moisés sobre o divórcio. Mateus registra essa mesma pergunta acrescentando um dado importante: “É lícito ao marido repudiar sua mulher por qualquer motivo”? (Mt 19.3). Moisés havia ensinado que se o homem encontrasse alguma coisa indecente na mulher, lavraria carta de divorcio e a despediria (Dt 24.1). A grande questão é entender o que significa essa “coisa indecente”.

Jesus não caiu na armadilha dos fariseus. Ele respondeu a pergunta deles com outra pergunta, abrindo a porta para a verdadeira interpretação sobre a concessão de Moisés acerca do divórcio. Algumas verdades são destacadas aqui:

Deus instituiu o casamento, não o divórcio. O casamento é a expressa vontade de Deus, não o divórcio. No princípio, quando Deus instituiu o casamento (Gn 1.27; 2.24), antes da queda humana, não havia nenhuma palavra sobre divórcio. Ele é fruto do pecado. Ele é resultado da dureza do coração. Enquanto o casamento é digno de honra entre todos (Hb 13.4), Deus odeia o divórcio (Ml 2.16).

Jesus como supremo intérprete da Escritura diz que Moisés não mandou divorciar por qualquer motivo, ele permitiu por um único motivo, a dureza de coração (10.4,5; Mt 19.8). Mateus registra a pergunta dos fariseus assim: “Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar”? (Mt 19.7). Na verdade, Moisés nunca mandou. O divórcio nunca é um mandamento ou ordem, mas uma permissão e uma permissão regida por balizas bem estreitas, ou seja, a dureza da coração.

O casamento foi instituído por Deus, o divórcio não. O casamento é ordenado por Deus, o divórcio não. O casamento agrada a Deus, o divórcio não. Deus ama o casamento, mas odeia o divórcio. Deus permite o divórcio, mas jamais o ordena. Ele jamais foi o ideal de Deus para a família.

“Vocês ouviram a apelação dos mestres judeus sobre Deuteronômio 24:1, com a intenção de consubstanciar uma prática que permita aos maridos divorciar-se, livremente e a seu bel-prazer, de suas esposas, fornecendo-lhes simplesmente um estúpido documento legal de transação”.  “Mas eu digo a vocês”, continuou Jesus, que tal comportamento irresponsável da parte do marido fará com que ele, sua esposa e os novos parceiros tenham uniões que não constituem casamentos, mas adultérios. Neste princípio geral, temos uma exceção. A única situação em que o divórcio e o novo casamento são possíveis sem transgredir o sétimo mandamento é quando o casamento já foi quebrado por algum sério pecado sexual.

            Não podemos esquecer que o divórcio existe por causa da dureza do coração humano. Tanto o contexto anterior como todo ensino da Bíblia fala de reconciliação [arrependimento e perdão]. O padrão é o coração de Deus, não o coração duro do homem. Antes de falarmos de divórcio temos que falar sobre o que é casamento e sobre reconciliação. Depois dessa compreensão é que podemos achar espaço para falarmos de divórcio. O divórcio por questões banais: o amor acabou, achou alguém mais atraente, não sinto mais nada, não há comunicação. Se você entrar para o divórcio, se houver outro casamento haverá adultério, pois mesmo se legalmente for aprovado, diante do Senhor você é casado com o cônjuge. O divórcio não é a resposta, abre ferida. As conseqüências são terríveis para todos.

A solução é o perdão não o divórcio.  Conclusão: Dicas para proteger seu matrimônio: 1. Ponha Deus em primeiro lugar. 2. Ponha Seu Cônjuge em primeiro depois de Deus. Não são os filhos.  3. Comunique-se Diariamente com Seu Cônjuge. Fale de suas necessidades. 4. Gaste Tempo a sós com seu cônjuge. 5. Elogie Seu Cônjuge Regularmente, Reservadamente e Publicamente. 6. Tenha expectativas realistas. 7. Tenha determinação de permanecer casado. 8. Pese o Custo humano de Divórcio – Advogado, pensão, os efeitos nas crianças, reputação.  9. Aprenda a Crescer nas Dificuldades. 10. Peça ajuda de alguém na crise.

Pai, que os casais cristãos, unidos pelo sacramento do matrimônio, saibam reconhecer e realizar o mistério de comunhão que os chama a viver.


 Homilia | Padre Bantu Mendonça K. Sayla

quarta-feira, 22 de maio de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mc 9,41-50 - 23.05.2013 - É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno.


Verde. 5ª-feira da 7ª Semana Tempo Comum
    
Evangelho - Mc 9,41-50
É melhor entrar na Vida sem uma das mãos,
do que, tendo as duas, ir para o inferno.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 9,41-50

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
41Quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo,
não ficará sem receber a sua recompensa.
42E se alguém escandalizar um destes pequeninos que crêem,
melhor seria que fosse jogado no mar
com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço.
43Se tua mão te leva a pecar, corta-a!
É melhor entrar na Vida sem uma das mãos,
do que, tendo as duas, ir para o inferno,
para o fogo que nunca se apaga.
45Se teu pé te leva a pecar, corta-o!
É melhor entrar na Vida sem um dos pés,
do que, tendo os dois, ser jogado no inferno.
47Se teu olho te leva a pecar, arranca-o!
É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só,
do que, tendo os dois, ser jogado no inferno,
48'onde o verme deles não morre,
e o fogo não se apaga'.'
49Pois todos hão de ser salgados pelo fogo.
50Coisa boa é o sal.
Mas se o sal se tornar insosso,
com que lhe restituireis o tempero?
Tende, pois, sal em vos mesmos
e vivei em paz uns com os outros.

Palavra da Salvação!
Graças a Deus!




HOMILIA



O discípulo do Reino, no exercício de sua missão, deve ser muito cauteloso para não se tornar ocasião de pecado para quem está dando os primeiros passos na fé. O pecado, neste caso, consistiria em refutar Jesus e se recusar a aderir ao Reino anunciado por ele. E os próprios discípulos, agindo de forma inconsiderada, corriam o risco de se tornarem culpados deste fracasso e serem julgados por isso.

As atitudes inconsideradas do discípulo em missão podiam ser muitas. Eles corriam o risco de serem intransigentes e impacientes, não respeitando o ritmo próprio de cada pessoa no seu processo de adesão a Jesus. Não estavam livres do espírito farisaico, que os levava a ser extremamente severos e exigentes com os recém convertidos, esvaziando as exigências quando se tratava de si mesmos. Com a liberdade adquirida junto a Jesus, podiam ter atitudes chocantes para os pequeninos, ainda atrelados a antigos esquemas, que só com dificuldade deixavam-se permear pela novidade do Reino. Levados por um espírito corporativista, podiam ceder à tentação de selecionar, com critérios humanos, os novos discípulos, excluindo pessoas predispostas para o Reino, mas que não satisfaziam suas exigências.  A denúncia de Jesus contra esta mentalidade foi violenta. Se o discípulo não se desfizesse desta visão deturpada, corria o risco de ver-se lançado no inferno.

É muito comum ouvirmos que isso ou aquilo é escandaloso e, normalmente, quando isso acontece, o fato está relacionado com questões de sexualidade. O escândalo é muito mais do que isso. Dar escândalo significa ser ocasião de pecado para as outras pessoas, independentemente da natureza ou da forma do pecado. Jesus nos mostra no Evangelho de hoje a importância que devemos dar para os nossos atos, para que eles sejam testemunho da nossa adesão ao Reino de Deus e não uma negação da nossa adesão que tenha como conseqüência o afastamento das pessoas. Não podemos nos esquecer de que a nossa fidelidade a Jesus no nosso dia a dia é a nossa grande arma no trabalho evangelizador.

Pai, torna-me forte para tirar da minha vida tudo quanto possa servir de contra-testemunho a meu próximo e levá-lo a afastar-se de ti.

 Homilia | Padre Bantu Mendonça K. Sayla

terça-feira, 21 de maio de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mc 9,38-40 - 22.05.2013 - Quem não é contra nós é a nosso favor.


Verde. 4ª-feira da 7ª Semana Tempo Comum

Evangelho - Mc 9,38-40
Quem não é contra nós é a nosso favor.
+ Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos 9,38-40
Naquele tempo:
38João disse a Jesus:
'Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome.
Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue.'
39Jesus disse:
'Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome
para depois falar mal de mim.
40Quem não é contra nós é a nosso favor.

Palavra da Salvação!
Glória a Vos Senhor!



Reflexão - Mc 9, 38-40
Uma das maiores dificuldades que podemos encontrar para a compreensão da ação divina no mundo encontra-se no fato de querermos submetê-la aos nossos critérios de inteligibilidade, principalmente no que diz respeito à religião institucional. O que acontece é que muitas vezes o agir divino fica vinculado a critérios meramente humanos ou a ritualismos que estão mais para prática de magia, alquimia e bruxaria do que para um relacionamento filial, de confiança e entrega. Outras vezes, esse agir divino é condicionado ao cumprimento de princípios legais que determinam se Deus pode agir ou não. Devemos nos lembrar que o Senhor é Deus e não nós.



HOMILIA

Os discípulos estão cientes de sua missão, mas reagem diante daquilo que vêem, e Jesus diz-lhes: “Quem não é contra nós é a nosso favor”. Amplia-lhes o horizonte. Ser cristão de verdade é ter visão ampla do mundo e do Reino e saber onde estão seus sinais. Muitos são os que anunciam e vivem com grandeza a verdade do Evangelho. E Jesus não quer que os discípulos sejam uma seita, mas que sejam instrumentos libertadores do Reino. É preciso, porém, fidelidade à Palavra anunciada.

Na busca da perfeição, muitas vezes excluímos pessoas em nossas vidas, imagem no serviço da Igreja. O sujeito não conhece a Deus e entra para um serviço na Igreja, já imaginou? Depois de ter tido uma experiência profunda com Deus? É feita pipoca pulando de alegria ao ficar pronta. Achamos que entramos para o serviço de Deus e só vamos encontrar bonança, mas não é bem assim. Nunca estaremos prontos, pois como diz a palavra de Deus: – Meu filho, se entrares para o serviço preparas para provação. E são muitos de nós buscando o que é perfeito que, ao invés de expulsar as imperfeições da nossa própria vida, expulsamos os outros, considerando-os como imperfeitos.

Que o sejam, porém, não são contra nós, mas sim a favor. E por que quando somos contrariados em nossa opinião, queremos abandonar tudo? Só nós somos perfeitos? Donos da verdade? Precisamos reconhecer que um dia o Senhor, teve compaixão de nós, e estendeu sua destra poderosa sobre a nossa vida, pois, onde superabundou o pecado superabundou a graça. Assim foi conosco, e precisamos pedir o dom da paciência para que aconteça com os de nossa casa, com os nossos amigos e com os nossos colegas de trabalho.

Tenho visto, que a cada novidade da minha vida, exige de mim uma nova conversão. Ou seja, uma amizade nova, um trabalho novo, um carro novo, um novo filho, um novo desafio profissional, um novo apartamento, uma nova coordenação, pois o Senhor fará ‘nova todas as coisas’ se eu abrir as portas do meu coração e a Ele confiar a conversão.

Não deixemos que a nossa busca pelo o que é perfeito e agradável a Deus, expulsem o nosso próximo. E pra terminar, e quem é o nosso próximo? Aquele do qual eu me aproximo, portanto, temos muito ainda a caminhar quando se trata do amor ao próximo, mas firmeza nas promessas de Deus. Como acabamos de ler, Jesus não quer que o grupo daqueles que o seguem se torne seita fechada e monopolizadora da sua missão. Toda e qualquer ação que desaliena o homem é parte integrante da missão de Jesus.

Pai, livra-me da atitude fanática e exclusivista de pensar que só quem pertence declaradamente ao círculo de discípulos de Jesus está em condições de fazer o bem.

 Homilia | Padre Bantu Mendonça K. Sayla

segunda-feira, 20 de maio de 2013

LITURGIA E HOMILIA DIÁRIA - Mc 9,30-37 - 21.05.2013 - Os grandes no Reino de Deus


Evangelho (Mc 9,30-37)
7ª Semana do Tempo Comum – Terça-feira 21/05/13

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 30Jesus e seus discípulos atravessaram a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, 31pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão, mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”.
32Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar. 33Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “Que discutíeis pelo caminho?” 34Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior.
35Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” 36Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a disse: 37“Quem acolher em meu nome uma dessas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas aquele que me enviou”.

— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.



HOMILIA
Os grandes no Reino de Deus

No domingo passado – deveis recordar - Jesus anunciou aos seus discípulos que ele era um Messias não de glória, mas de humildade e serviço até à morte de cruz. Ao final, triunfaria pela ressurreição. Pedro havia se escandalizado com tais palavras. Hoje, Jesus continua sua pregação. Ele ensinava a sós a seus discípulos: “’O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens e eles o matarão. Mas, três dias após, ele ressuscitará’. Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar”.
Vede, caríssimos, é a mesma atitude da semana passada. O ensinamento do Senhor tem como seu centro o Reino de Deus que viria pela sua cruz e ressurreição. Entrar no Reino é tomar com Jesus a cruz e com ele chegar à glória! Estejamos atentos: este não é apenas mais um dos muitos ensinamentos de Cristo; este é o ensinamento por excelência, a mensagem central que o Senhor veio nos revelar e mostrar com sua palavra, suas atitudes e sua própria vida. Repito: eis o que Jesus ensina: que o caminho do Reino passa pela cruz, passa pela morte e chega à plenitude da vida na ressurreição. Observai que ele ensina isso de modo insistente e prepara particularmente os discípulos para esse caminho... E, no entanto, os discípulos não compreendem a linguagem de Jesus, não compreendem sua missão, seu caminho! Esperavam um messias glorioso, cheio de poder, que resolvesse todos os problemas e reafirmasse orgulhosamente a glória terrena de Israel... Um messias na linha da teologia da prosperidade do Edir Macedo e do RR Soares. Nada mais distante de Cristo que esse tipo de coisa! Observai que, enquanto Jesus caminha adiante ensinando isso, os discípulos, seguindo-o com os pés, próximos fisicamente, estão com o coração muito longe do Senhor. No caminho, vão discutindo sobre quem deles era o maior! Jesus fala da humilhação e do serviço até à cruz; seus discípulos, nós, falamos de quem é o primeiro, o maior... Que perigo, caríssimos, pensarmos que somos cristãos, que seguimos Jesus, e estarmos com o coração bem longe do Mestre amado!
Temos nós essa tentação também? Certamente! A linguagem da cruz continua difícil, dura, inaceitável para nós. É claro que não teoricamente: persignamos-nos com a cruz, beijamos a cruz, trazemo-la pendurada ao pescoço, veneramos a cruz... Mas, o caminho da cruz se faz na vida, não na teoria! Essa cruz de Cristo está presente nas dificuldades, no convite à renúncia de nossa vontade para fazer a vontade do Senhor, na aceitação dos caminhos de Deus, na doença e na morte, nas perdas que a vida nos apresenta, nos momentos de escuridão, de silêncio do coração e de aparente ausência de Deus... Todas essas coisas nos põem à prova, como o justo provado da primeira leitura deste hoje. É a vida, são os acontecimentos, são os outros que nos provam: “Armemos ciladas aos justos... Vamos pô-lo à prova para ver sua serenidade e provar a sua paciência; vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro”. Jesus passou por esse caminho, fez essa experiência em total obediência à vontade do Pai. E nos convida a segui-lo no hoje, no aqui da nossa vida. Nossa tentação é a dos primeiros discípulos: um cristianismo fácil, de acordo com a mentalidade do mundo atual; um cristianismo a baixo preço – isso: que não custe o preço da cruz! Se assim for, como estaremos longe de Jesus, como não o conheceremos! Ele nos dirá: “Apartai-vos de mim! Não vos conheço!” (Mt 7,23).
Caros irmãos, ouvindo isso, talvez digamos: mas, como suportar a dureza da cruz? Como amá-la? Não é possível! É que ninguém pode amar a cruz pela própria cruz, caríssimos. Cristo amou sua cruz e a abraçou por amor total e absoluto ao Pai, por fidelidade ao Pai. Nós, também, somente poderemos compreender a linguagem da cruz e somente não nos escandalizaremos com ela se for por um amor apaixonado pelo Senhor Jesus, para segui-lo em seu caminho, para estarmos em união com ele. Eis, portanto: é o amor ao Senhor que torna a cruz aceitável e até desejável! Sem o amor ao Senhor, a cruz é destrutiva, é louca, e desumana! Com Jesus e por causa de Jesus, a cruz é árvore bendita de libertação e de vida. É o amor a Jesus que torna doce o que é amargo neste vida!
O problema é que precisamos redescobrir a experiência tão bela e doce de amar Jesus. Não se pode ser cristão sem paixão pelo Senhor, sem um amor sincero entranhado para com ele! Como se consegue isso? Estando com ele na oração, aprendendo a contemplá-lo no Evangelho, alimentando durante o dia, dia todo, sua lembrança bendita, procurando a sua graça nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, lutando pacientemente para vencer os vícios e colocar a vida, os sentimentos, os instintos e a vontade em sintonia com a vontade do Senhor Jesus... Sem esses exercícios não há amor, sem amor não há como compreender a linguagem da cruz e sem tomar a cruz com e por Jesus não há a mínima possibilidade de ser cristão! Quando vier a crise, largaremos tudo, trairemos o Senhor e terminaremos por fazer do nosso jeito, salvando a pele e fugiremos covardemente da cruz...
            Então - pode ser que perguntemos – por que o Senhor quer nos fazer passar pela cruz? Por que escolheu e determinou um caminho tão difícil? Eis a resposta: porque somos egoístas, imaturos, quebrados interiormente! O pecado nos desfigurou profundamente! São Tiago traça um perfil muito realista e muito feio da nossa realidade: guerras interiores, paixões, disputas, auto-afirmação doentia, desordens e toda espécie de obras más... Quem tiver a coragem de entrar em si mesmo, quem for maduro para se olhar de frente verá em si todas essas tendências. Quantas vontades, quantas guerras interiores! Ora, isso tudo nos fecha para Deus, nos joga na idolatria do ter, do poder, do prazer, da auto-suficiência de pensar que somos deuses... É a cruz do Senhor quem nos purifica, nos corrige e nos liberta de verdade. Não há outro modo, não há outro caminho. Somente sentimentos, risos, cantorias e boa vontade não nos construiriam, não nos colocariam de verdade em comunhão com o Senhor no seu caminho. O mistério do pecado é sério demais, profundo demais para ser tratado com leviandade... “Quem quiser seu meu discípulo tome a sua cruz e siga-me” – diz o Senhor!
Caríssimos, tenhamos coragem! Na docilidade ao Espírito Santo que o Senhor nos concedeu, teremos tal união com o Senhor Jesus, que tudo poderemos e suportaremos. Foi esse o caminho dos santos de Deus de todos os tempos; é esse o caminho que agora nos cabe caminhar... Que o Senhor no-lo conceda por sua graça, ele que é Deus com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém.
Dom Henrique